Por quantos anos passamos “aprendendo” os mais diversos conteúdos, treinando nossa musculatura cognitiva? E como complemento, por quantos anos tivemos a oportunidade de falar abertamente sobre as nossas emoções?
Quantos são os títulos cognitivos que colecionamos e nos orgulhamos de compartilhar? E quantas são as vezes que sentimos nossas emoções e as compartilhamos num jantar com os amigos ou em uma “reunião de trabalho” sem receios ou vergonhas?
Particularmente, na maior parte da minha vida estive focada em treinos e mais treinos para o lado esquerdo do meu cérebro. E ainda me pego achando que nunca é o suficiente, que preciso de mais e mais (até porque, honestamente, eu amo conhecer novos conteúdos).
Já percebeu que ao começarmos a fazer um curso, qualquer que seja, que te capacitará ainda mais, é bem possível que você ouça um “Uau, que legal!” ou “Parabéns”. É quase um piloto automático de reconhecimento. E que bom que seja assim, pois diversificar aprendizados nunca é demais!
E será que haverá um tempo que poderemos falar sobre as emoções, assim como falamos de “cursos”, e que seremos também tão reconhecidos, sem mesmo explicarmos sobre do que realmente se trata?
Não é pelo “grande” acontecimento do Will Smith essa semana não, mas tenho estado reflexiva pelo “peso” que denotamos as partes que constituem o desenvolvimento de um adulto: nós.
Um exemplo pessoal: minha filha de 6 anos, no último mês, perdeu 4 itens na escola, entre eles a lancheira, o squeeze, o crachá e, essa semana, uma boneca, ou seja, famoso whatever. Ao contar sobre a perda de sua boneca, me vi perdendo completamente as “estribeiras”: ela comentou num tom de brincadeira, rindo até, “mas a boneca nem é nova!”. Essa frase, talvez agora eu já tenha entendido o porquê, soou como uma facada no peito. E, por consequência, soltei a bela frase em tom de ameaça que me sinto “no direito” como mãe (#sqn) “você só levará um brinquedo novamente à escola quando achar sua boneca”. Pronto, estava escancarado: não consegui administrar nem um pouco essa situação corriqueira com minha filha de 6 anos e depois ainda me senti uma m... por ter reagido desta forma - crianças (e adultos!!!!) perdem coisas.
Não sei vocês, mas eu faço terapias no plural há anos e de diversas abordagens. Ou seja, a musculatura da minha parte direita do cérebro já fez alguns exercícios na vida. Mas “meeeeeeeeu!”, como é desafiador (palavra politicamente correta e bonita) viver a vida em toda sua integridade, unindo nossas competências esquerdas e direitas.
Nunca fui muito boa no sentir, pois como comentei, me condicionei a saber muito mais do que sentir. Hoje em dia, dedico boa parte do meu desenvolvimento em, além de saber/entender, sentir a minha vida. Confesso que é puxado demais para mim, mas sigo firme.
Dia 26 de março foi celebrado o Dia Internacional da Aprendizagem Socioemocional (#SELDAY), data nova para mim. Que bom que estamos tendo a oportunidade de participar da construção de novas formas de desenvolvimento humano que coexistem e, quem sabe um dia, tenham pesos equilibrados.
Saber e Sentir: que tenhamos a capacidade de nos abrir para ambos.
Abraços,
Giovana Calenzani.
Head de Desenvolvimento Humano Organizacional na Arax